Identidade de Roy

A Identidade de Roy (em homenagem ao economista René Roy), é um importante resultado na microeconomia, por ter aplicações na teoria da escolha do consumidor e na teoria da firma. O lema relaciona a função de demanda Marshaliana x i m {\displaystyle {\displaystyle x_{i}^{m}}} com as derivadas da função de utilidade indireta v ( p , w ) {\displaystyle {\displaystyle v(p,w)}} em relação aos preços e à renda. A demanda Marshaliana pelo bem i {\displaystyle i} é igual à razão negativa entre as derivadas parciais da função utilidade indireta em relação ao preço p {\displaystyle p} e em relação à renda w {\displaystyle w} .

Denotando a função de utilidade indireta como v ( p , w ) , {\displaystyle {\displaystyle v(p,w),}} e a função de demanda Marshalliana para o bem i {\displaystyle i} , x i m {\displaystyle {\displaystyle x_{i}^{m}}} , a Identidade de Roy pode ser calculada como: {\displaystyle } {\displaystyle } {\displaystyle } x i m = v p i v w {\displaystyle {\displaystyle x_{i}^{m}=-{\frac {\frac {\partial v}{\partial p_{i}}}{\frac {\partial v}{\partial w}}}}} , onde p {\displaystyle p} é o preço vetor de bens e w {\displaystyle w} é a renda.[1] {\displaystyle } {\displaystyle }

Derivadas da identidade de Roy

A Identidade de Roy é uma reformulação do lema de Shephard, a fim de obter uma função de demanda Marshalliana para um indivíduo e um bem ( i {\displaystyle i} ) a partir de alguma função de utilidade indireta. {\displaystyle } O primeiro passo é considerar a identidade trivial obtida substituindo a função gasto para a riqueza ou renda w {\displaystyle w} na função de utilidade indireta v ( p , w ) {\displaystyle {\displaystyle v(p,w)}} , em uma função utilidade u {\displaystyle u} : {\displaystyle } {\displaystyle } {\displaystyle }

v ( p , e ( p , u ) ) = u {\displaystyle {\displaystyle v(p,e(p,u))=u}} {\displaystyle }

Isto nos diz que a função de utilidade indireta é avaliada de tal forma que minimizar o custo para alcançar uma certa utilidade dado um conjunto de preços (de um vetor p {\displaystyle p} ) é igual à utilidade quando avaliada a esses preços. {\displaystyle } Tomando a derivada de ambos os lados da equação com relação ao preço de um único bem p i {\displaystyle p_{i}} (com o nível de utilidade mantido constante), teremos: {\displaystyle }

{\displaystyle } v [ p , e ( p , u ) ] w e ( p , u ) p i + v [ p , e ( p , u ) ] p i = 0 {\displaystyle {\displaystyle {\frac {\partial v[p,e(p,u)]}{\partial w}}{\frac {\partial e(p,u)}{\partial p_{i}}}+{\frac {\partial v[p,e(p,u)]}{\partial p_{i}}}=0}} .

Reorganizando dá o resultado desejado:

v [ p , e ( p , u ) ] p i v [ p , e ( p , u ) ] w = e ( p , u ) p i = h i ( p , u ) = x i ( p , e ( p , u ) ) {\displaystyle {\displaystyle -{\frac {\frac {\partial v[p,e(p,u)]}{\partial p_{i}}}{\frac {\partial v[p,e(p,u)]}{\partial w}}}={\frac {\partial e(p,u)}{\partial p_{i}}}=h_{i}(p,u)=x_{i}(p,e(p,u))}} {\displaystyle }

Com o segundo termo sendo a última igualdade seguinte a partir do lema de Shephard e a última igualdade a partir de uma propriedade básica da demanda Hicksiana.

Prova alternativa para o caso diferenciáveis

Há uma prova simples da identidade de Roy,[2] indicada para o caso de uma simplificação de dois bens:

A função de utilidade indireta v ( p 1 , p 2 , w ) {\displaystyle {\displaystyle v(p_{1},p_{2},w)}} é maximizada considerando a restrição do problema de otimização, caracterizada pela seguinte função Lagrangiana: {\displaystyle }

L = u ( x 1 , x 2 ) + λ ( w p 1 x 1 p 2 x 2 ) {\displaystyle {\displaystyle {\mathcal {L}}=u(x_{1},x_{2})+\lambda (w-p_{1}x_{1}-p_{2}x_{2})}} {\displaystyle }

Pelo teorema do envelope, as derivados da maximização v ( p 1 , p 2 , w ) {\displaystyle {\displaystyle v(p_{1},p_{2},w)}} com relação aos parâmetros podem ser calculadas como: {\displaystyle } {\displaystyle } v p 1 = λ x 1 m {\displaystyle {\displaystyle {\frac {\partial v}{\partial p_{1}}}=-\lambda x_{1}^{m}}} {\displaystyle } v w = λ {\displaystyle {\displaystyle {\frac {\partial v}{\partial w}}=\lambda }}

Onde x 1 m {\displaystyle x_{1}^{m}} é o maximizador (i.e. a demanda Marshalliana  para o bem 1). Com uma aritmética simples, em seguida, obtêm-se a identidade de Roy: {\displaystyle }

v p 1 v w = λ x 1 m λ = x 1 m {\displaystyle {\displaystyle -{\frac {\frac {\partial v}{\partial p_{1}}}{\frac {\partial v}{\partial w}}}=-{\frac {-\lambda x_{1}^{m}}{\lambda }}=x_{1}^{m}}} {\displaystyle }

Aplicação

Isso fornece um método de derivar a função de demanda Marshalliana de um bem para o consumidor a partir da função de utilidade indireta do consumidor. É também fundamental na derivação da equação de Slutsky.

Referências

  1. Varian, Hal. Microeconomic Analysis. [S.l.: s.n.] 
  2. Cornes, Richard. Duality and Modern Economics. [S.l.: s.n.] ISBN 0-521-33291-5 

Bibliografia

  • «La Distribution du Revenu Entre Les Divers Biens». Econometrica. 15. JSTOR 1905479 
  • Portal de economia e negócios